As Aventuras da Alice no País das Pessoas

“Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha”, Confúcio

Sou vizinha da Alice. Conhecemo-nos na rua que separa as nossas casas. E, há mais de uma dúzia de anos que nos cruzamos aqui.

O trabalho da Alice é feito de Barro, de Bairro e Pessoas. Também é feito de Pessoas do bairro que moldam o barro nos cursos da Alice. E o Bairro da Alice pode ser o mundo aonde divulga o seu trabalho, a sua técnica e mestria e, fundamentalmente, o desenvolvimento pessoal, reflexivo e criativo junto da comunidade através da arte, nos cursos transgeracionais no Atelier de Algés, na curadoria das exposições que apresenta com os seus alunos ou com o seu trabalho pessoal também centrado em temas sempre actuais e globais (condição da Mulher, a Literatura, a Terra, o Património), nas conferências sobre o património azulejar português ou nas acções de formação que organiza ou participa. O mundo da Alice é o verdadeiro mundo digital que hoje merece toda a atenção pois, ao contrário do outro — que isola, torna dependente e sedentariza — o da Alice promove o encontro, a história, a comunicação, a concentração, a técnica, a partilha de saberes, o silêncio, a arte de estar e fazer, a arte de acontecer, a arte de poder ser. E isto tudo com os dedos, as mãos, o barro e o tempo.

O trabalho da Alice é também por isso, político, social, inclusivo, comunitário e, por fim e não menos importante, antes pelo contrário, Artístico, Intervencionista, Afectivo, Vivo.

Tenho uma enorme admiração pelas pessoas que remam contra a maré, com o seu trabalho independente e empreendedor (aqui, sim, faz sentido este adjectivo que tem sido utilizado de forma abusiva no mundo empresarial e tecnocrata). Com humildade aceitei o convite da Alice para escrever sobre ela. O trabalho feito pela artista Alice Diniz, ceramista, curadora, formadora, galerista, amiga, mãe, mulher, companheira, avó, não se escreve, VÊ-SE e SENTE-SE.

Obrigada pela inspiração.

Paula Cardoso (Designer gráfica)

PS: Já tive o prazer de apresentar um projecto a meias com a Alice: uma Sardinha de barro no concurso das Festas de Lisboa.

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